Elma Barreto da Silva
Graduanda em Pedagogia da FACED-UFBA.
RESUMO
O artigo objetiva delinear o contexto histórico do jornal e sua importância no cotidiano escolar, ou seja, este como desencadeador do processo educacional. Também busca traçar metas para utilização desse impresso pelo educador, assim, o tornando uma fonte de estímulo para o ensino aprendizagem.
Palavras-chave aprendizagem, desencadeador, flexibilidade e realidade.
INTRODUÇÃO
O jornal é um material impresso rico em variedades de informações. Ele expressa conhecimentos culturais, sociais, políticos, econômicos e educacionais. Além disso, o jornal é uma forma de aproximar o aluno da vida cotidiana. Permitindo que este se sinta incluso no contexto dos saberes, tendo em sua cultura uma fonte para a construção de sua aprendizagem. O jornal também é um material importante para o professor na socialização do saber, pois servem como desencadeadores da discussão prévia do que está acontecendo no mundo, sem nenhuma formalidade.
O jornal cumpre a função básica de produtor do conhecimento, porque ele leva o aluno a ir além dos muros da escola. O educador, ao instigar, provocar a curiosidade e fazer relações com outros textos ele está procurando garantir a construção do saber discente. Ao conduzir o aluno a realizar a contextualização entre os textos, isso se torna um novo desafio para o professor que passa a abrir uma passagem de uma educação fechada para uma educação aberta a novos elementos desencadeadores do processo educativo.
1. HISTÓRIA DO JORNAL
Segundo o Wikipédia, Johannes Guttemberg, a partir do século XV, cria a prensa móvel – processo gráfico - revolucionando a comunicação ao possibilitar a produção de livros, jornais, boletins e demais documentos em grande escala. Depois disso, o primeiro jornal surge em 1605 na Antuérpia, com o nome Nieuwe Tijdinghen. E nos séculos XVIII e XIX, períodos da Revolução Francesa e Revolução Industrial, tem início o jornalismo moderno. Esse período foi de grande efervescência cultural, pois nele também ocorre à criação da máquina a vapor, fazendo com que a produção de impressos se intensifique, possibilitando que um maior público leitor tenha acesso ao jornal. Logo, a criação dos jornais modernos marcou uma nova etapa na divulgação das informações. Enquanto no Brasil a imprensa surge em 1808, com a Gazeta do Rio de Janeiro, esta que procurava publicar as traduções de artigos da imprensa européia. O impresso tinha como objetivo impor a cultura portuguesa, seus modos e educação.
No contexto escolar brasileiro antes da publicação dos livros, os professores se utilizavam como subsídios para a aprendizagem, de textos manuscritos por eles mesmos, além de cartas, ofícios, de documentos de cartório, e a própria Constituição. Estes serviam como direcionadores do conhecimento. Com a criação dos livros, a utilização de vias alternativas para a aprendizagem foi deixada à margem. Isso porque a educação seguia, e ainda segue os moldes tradicionalistas, tornando a educação escolar fechada para outros materiais. Segundo Maria Alice Faria (1999, p 11), a escola, como toda instituição, é um estabelecimento relativamente fechado e nela os alunos recebem (ou derivam receber) instrução e formação. Um dos principais papéis do professor seria, pois o de estabelecer laços entre a escola e a sociedade. Ora, levar jornais para a sala de aula trazendo o mundo para dentro da escola.
Observamos que no ambiente escolar, o professor se prende muito aos livros didáticos e se esquecem que existem outras fontes de conhecimento como: o jornal, que é rico em diversidade de informações. Entretanto, o professor não deve se fechar somente no livro didático, como verdade absoluta, mas sim contextualizá-lo com outros materiais (jornal), para que sua prática tenha significados para o aluno.
Essa visão nos da à idéia de que a educação, como desencadeadora do conhecimento tende a estar aberta a novos meios para sua construção do conhecimento. Segundo Paulo Börnsen, os impressos, como o jornal, são formas de contribuir para este feito, associando à realidade a vida escolar. O jornal, dentre outros meios de informação é uma ponte para que se chegue à formação do cidadão e do ser humano.
2. IMPORTÂNCIA NO PROCESSO EDUCATIVO
A escola sempre foi vista como espaço fechado, no qual a relação com a sociedade é tida como distinta. Neste contexto, a introdução de mecanismos desencadeadores e estruturantes como impressos, em especial, o jornal, tendem a propiciar uma educação aberta pautada na relação escola x sociedade, onde a vida real é associada a educacional, assim, permeando uma aprendizagem interessante e divertida. Além disso, o jornal pode ajudar o aluno no processo de ensino-aprendizagem e também o docente a melhorar sua prática educativa. Logo, segundo Maria Alice Faria (1999, p 12), o jornal pode propiciar aos alunos: a relacionar seus conhecimentos prévios e sua experiência pessoal de vida com as notícias; levá-los a formar novos conceitos e adquirir novos conhecimentos a partir de sua leitura; ensiná-los a aprender a pensar de modo crítico sobre o que lêem; traçar novos objetivos de leitura; auxiliá-los na produção textual; levá-los a desenvolver e a firmar sua capacidade leitora e estimular sua expressão escrita. Ressaltando, que além do jornal existem outros subsídios que o professor pode utilizar para efetivar o processo de construção do conhecimento, mas para isso se faz necessário um amplo e complexo processo pedagógico.
No entanto para o professor o jornal pode servir como: auxiliar na observação dos aspectos de compreensão do aluno e suas dificuldades de aprendizagem. A utilização do jornal, pode também possibilitar a atualização do docente, de modo a mantê-lo sintonizado com o momento atual e ampliando sua bagagem cultural e seu engajamento social. E segundo Paulo Börnsen, com o jornal, o professor se liberta da rotinização e suas aulas podem ser mais agradáveis e interessantes. Com isto, cresce o professor e o trabalho se torna menos árduo e mais motivador. Com a troca de experiências e a publicação das mais interessantes o profissional sente seu trabalho valorizado e tem mais motivação.
Logo, podemos observar que a introdução de instrumentos como: os jornais, tanto contribuem para o docente observar os aspectos de aprendizagem do aluno, bem como para incutir no mesmo um processo educacional aberto ao seu desenvolvimento como cidadão e a uma aprendizagem de modo construtivo. Nos moldes construtivistas, o jornal pode servir também para o aluno construir, desconstruir e reconstruir seus conhecimentos, de modo flexível.
3. COMO APLICAR OS IMPRESSOS NO CONTEXTO EDUCACIONAL
A introdução de um material deve acontecer mediante:
”a uma escolha e o delineamento do objetivo que se quer alcançar; verificação da adequação do material, ou seja, o professor deve conhecer o material (lê-lo, vê-lo, usá-lo), assim, o professor poderá opinar se ele poderá ser adaptado ao nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos, as características sócio-culturais; verificar as condições limitadoras para seu uso, ou seja, se os alunos podem ter acesso aos impressos; o professor deve conhecer as potencialidades, defeitos e como pode ser explorado; planejamento da utilização do material na escola; por último avaliação do material utilizado: se foi de fácil compreensão, se atingiu os objetivos e se houve interesse dos alunos.” (João Carvalho, 2005)
Logo, a utilização do jornal requer antes esboço prévio do professor, que lhe sirva de direcionamento para sua aplicação.
No processo de aplicação do jornal, a depender da turma onde se realizará o trabalho pelo educador, este deverá indicar ao aluno o porquê e a importância, desse meio de informação para o desenvolvimento do ensino aprendizagem do aluno. Isso porque não adianta somente introduzir o impresso na sala, pois se faz necessário que antes o aluno entenda a utilização do impresso como um contextualizador: social, econômico e cultural da sua vida cotidiana. E no transcorrer, da utilização o professor auxiliará o aluno, na compreensão daquilo que se encontra por traz da informação publicada, ou seja, realizando de modo simultâneo uma discussão prévia do que acontece no mundo. Em seguida propor de modo problematizador uma nova versão para os fatos, ou seja, o docente conduzirá o educando a interpretar a notícia de modo à desconstruir e a reconstruí-la. Assim, o indivíduo pode dar novos rumos àquilo que foi publicado de acordo com uma versão atualizada. Esta proposta tende a tornar o sujeito um leitor crítico e inteligente. Nesse processo, o jornal se torna um material importante para a formação do cidadão, capaz de lhe dar com as ideologias sociais e de torná-lo um ser conhecedor de seu papel no contexto social. Ressaltando, que a introdução do jornal deve ser de acordo com cada nível intelectual do aluno, para que este se torne acessível a cada turma.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo ensino aprendizagem necessita de desencadeadores estruturantes da prática escolar, e temos no jornal um material rico para essa efetivação. A inserção desse material, no contexto escolar, é uma forma de flexibilizar a prática educativa. De modo a abrir o sistema educacional que se encontra fechado à realidade do aluno. Esse que cada vez mais necessita de estímulos para o seu desenvolvimento. Ao unir a teoria com a realidade do indivíduo, o possibilitará na reconstrução dos seus conhecimentos. O docente deve ser um possibilitador dessa construção e não um reprodutor dos que já existe.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÖRNSEN, Paulo. Jornal e educação: uma relação altamente construtiva. Sem data. Disponível em: www.aomestre.com.br/01/old/09sl/07.htm
CARVALHO, João. Outros impressos na sala de aula. 2005. Disponível em: www.tvebrasil.com.br/SALTO/boletins2005/mdeu/tetxt4.htm
FARIA, Maria Alice de Oliveira. Como usar o jornal na sala de aula. Editora Contexto. 4ª edição. São Paulo. 1999, pp 9–26.
WIKIPEDIA. Imprensa. Sem data. Disponível em: www.pt.wikipedia.org/wiki/imprensa